segunda-feira, abril 24, 2006

Cartas III

Foi naquele Outono em que a rua que tão bem conhecíamos estava coberta de folhas douradas, tu chegaste e aprisionaste-me a alma. Mas eu ripostei saindo do ponto cruz em que até então havia vivido. E exorcizei todos aqueles fantasmas que em mim bailavam em negros prantos, refugiando-me na velha cidade cor-de-rosa. Nessa velha cidade, que tu desconheces é certo, mas que eu finalmente encontrei. Ou melhor , voltei a ela. Sim foi um retorno àquilo que sempre soube saber.
De ti nada sei, apenas que vagueias por aí.
De mim sei apenas que vivo nesta cidade cor-de-rosa.
Mas foi então que me apeteceu vaguear por aí, por sítios onde nunca passamos, por ruas onde nunca nos amamos e por recantos que ficaram aquém do nosso desejo.
Apeteceu-me vaguear por aí, percorrer os olhares perdidos, os beijos nunca sentidos.
Apeteceu-me vaguear por aí, vaguear só por vaguear e expurgar as velhas memórias que ainda habitam em mim.
E foi assim que dei por mim frente ao fado que tracei.
E de volta á minha cidade, aquela onde nunca chove, aquela em que as pessoas têm alma cor-de-rosa , e que tu desconheces é certo.

Kraiene

1 comentário:

Al.Jib/Gabriela R. Martins disse...

É necessário resistir ... sempre!