terça-feira, abril 18, 2006

Carta XII

Lembras-te do tempo em que os relógios não existiam e o sino da torre da igreja
era único indicador de que existia tempo? Um tempo que denunciava e anunciava cada badalada. E que nós desconhecíamos.



Naquele lugar longínquo, mesmo no centro da velha cidade, longínquo o resto do mundo, o tempo não existia.


Tal como agora, na noite sempre igual a todas as noites, o tempo passa sem passar. E eu tento recordar-me do tempo em que tudo isso se passou.


Por isso peço-te, meu amor, fala-me do tempo em que não havia tempo, apenas eu e tu. Fala-me do nosso mundo e da nossa vida. Fala-me do nosso amor e da falta que me faz esse amor. Fala-me na tua língua e faz-me entender o porquê das coisas. Fala-me da distância que nos mantém separados e aprisionados. Diz-me que me procuras tal como te procuro em todos os estranhos que um dia julguei ter amado.



Kraiene

4 comentários:

Unknown disse...

Que repiquem todos os sinos e para sempre!
Beijo.
daniel

Jorge Cardoso disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jorge Cardoso disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jorge Cardoso disse...

Se eu fosse forte, se eu fosse eterno, se eu tivesse vivido desde sempre, seria capaz de inclinar uma parede para que a Kraiene pudesse descansar.
Afinal de que Kraiene estamos a falar?
Bj