quarta-feira, setembro 27, 2006

Para meu coração basta teu peito
para que sejas livre as minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que dormido estava em tua alma.
Tu trazes a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho nas corolas.
Com tua ausência escavas o horizonte.
Eternamente em fuga, irmã das ondas.
Já disse que o teu canto era o do vento
como cantam os mastros e os pinheiros.
És como eles alta e taciturna.
E entristeces de pronto, como uma viagem.
Acolhedora como antiga senda.
Abrigas ecos e vozes nostálgicas.
Desperto e alguma vez emigram,
fogem pássaros dormidos em tua alma.

Pablo Neruda

1 comentário:

Anónimo disse...

Neruda, um dos meus preferidos!
Obrigada, Ailéh.
Bj