segunda-feira, abril 10, 2006

O poeta pede ao seu amor que lhe escreva


Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita

e penso, com a flor que se murcha,

que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte

nem conhece a sombra nem a evita.

Coração interior não necessita

o mel gelado que a lua verte.




Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,

tigre e pomba, sobre tua cintura


em duelo de mordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura

ou deixa-me viver em minha serena

noite da alma para sempre escura.



Frederico Garcia Lorca

2 comentários:

António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins disse...

lindo!
1 bj!

Jorge Cardoso disse...

Deste pedido do poeta gostei muito!
Da musica também. Sabes que sempre gostei de um piano...
Também tenho seguido este Blog à distância. E mesmo à distância, tu sabes que sempre gostei...