nada sei de ti .
nada sei do corpo que te suporta.
nem das rugas leves que fendem
esse chão de letícia delongada.
nem dos dedos outros
que sustêm, ao de leve,
o perspirar dos teus poros,
nada sei dos movimentos incertos
dos teus braços
que não envolvem mais
do que o vazio
ou o corpo inerte que
ocupa esse lugar vazio
pela noite segura.
nem dos lábios ocultos
no rúbido húmido espelho,
a adiar o beijo e outros encontros
de velada ternura
nada sei da tua tristeza.
nem da forma como
olhas o ermo
nem do jogo que
evitas pelos dias subidos.
nada sei do talhe que trilha,
em silêncio,
essa luz rasa
luz da melancolia
no teu rosto.
José Alberto Quaresma In "Em Cena"
2 comentários:
Pois é... Pouco ou nada sabemos do outro... nem mesmo daquele que julgamos conhecer muito bem.
Beijo.
daniel
Muitas vezes temos a sensação de conhecer algumas pessoas da vida toda..e outras; de nunca ter conhecido de verdade alguem que está em nós para a vida inteira.
Parabéns por este poem...tão certo!
João JR
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