sexta-feira, abril 21, 2006

Carta IX


Havia pensado ou, melhor, decidido, não vou mais amar-te, não vou mais desejar-te,
não vou mais querer saber de ti, das tuas alegrias ou das tuas dores.

Tudo isto é loucura!

Havia pensado é certo, como se se pudesse decidir assim esta verdade como uma outra
verdade
qualquer, como se se pudesse decidir a quem amar, a quem desejar, a quem tudo se
quer dar.

O sol aquecia, estávamos em pleno verão. O mar estava calmo e muito azul. E na minha memória
tu persistias em permanecer. Eu gostava dessa persistência.

Mas a minha alma quis saber quem és, quis saber quem sou. Disso nada descobri.

Então qual noite quente e sem qualquer tempestade ouvi os teus passos.

Mais que à verdade do dizer-te eu amo-te, eu quero-te, existe a verdade do receio das palavras
quem comprometem. Há sempre tanta coisa que fica por proferir que chego a esquecer, talvez
seja melhor assim, esquecer, simplesmente esquecer.

Das saudades que sinto de ti e de mim e dos sabores desse país longínquo apenas espero um
outro dia igual a hoje.

Um outro dia para continuar a amar-te.


Kraiene

2 comentários:

Jorge Cardoso disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jorge Cardoso disse...

Essas cartas da Kraiene são um tesouro. Tu que descobristes, deverias ficar com ele. Pena é que não podes. Pena é que nem todos os tesouros são nossos. Este tesouro nunca poderá ser teu porque pertencerá sempre a outro amor.
Bj