domingo, outubro 23, 2005

Passagem

Ó terra adormecida na sombra
silenciosa!



Cala, cala os
nomes que são areia e cor



mas não a
presentida



falha aberta
sobre o mar. Que o poema anule



tudo o que não
for passagem ou frémito do ar



e nenhum outro
apoio além do muro sombrio.



E entre os
signos e as coisas, entre as pedras,



será uma outra
casa ou só uma porta



que se ergue
tranquila e transparente



no repouso de um
instante entre dois mundos?



Todos os
caminhos agora são imóveis



e só um sopro
modela a lâmpada de argila



enquanto se
inclina a mão que reflecte



o movimento das
nuvens e dos barcos



que não são mais
do que o silêncio nas suas formas nuas.



António Ramos Rosa

1 comentário:

António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins disse...

nobilíssimo este poema do POETA do sul/azul.

1 bj.